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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Palestra na rodovia: Abuso da PRF

Recentemente, numa viagem com amigos, de Brasília com destino a Vitória, fomos parados no posto da PRF, logo após Paracatu. Estávamos em sete motos. Sábado de carnaval, 10h40. Sol de rachar!

Recolheram nossos documentos (CNH e CRLV) e 'mandaram' que fossemos até ao lado do prédio para assistirmos uma palestra. Questionei o agente se poderia devolver meus documentos antes da palestra. Ele disse que não. Que só depois do término da palestra e da realização do teste do bafômetro, que ocorreria após. 


O posto da PRF
Manifestei minha insatisfação dizendo-lhe que era um abuso nos obrigar a assistir uma palestra, como condição para devolver os documentos. Afinal, a documentação estava tudo ok. As motos idem. Pedi para que fizesse logo o teste de teor alcóolico e me liberasse, mas ele disse que só após a palestra.

Não que a 'palestra' não seja importante. Todo conhecimento é sempre bem-vindo. Mas àquela hora... E de forma obrigatória... Totalmente sem cabimento. Se fosse facultativo até seria aceitável. Mas obrigar, sem dúvida, é abuso. Pedi para falar com seu superior. O agente disse que o superior era o palestrante e que só poderia falar com ele após a palestra!!

Sendo assim, contrariado, me dirigi até o local onde estava sendo realizada a palestra, para ver como era. Para minha surpresa, a tal palestra consistia tão somente na transmissão de um vídeo, numa TV improvisada sobre uma mesa, com alguns poucos comentários do 'palestrante'. 

A "palestra"...
Quando cheguei ao local a 'palestra' já havia começado. Estava no 'meio', mas depois fiquei sabendo, através dos amigos que comigo viajavam, que começou com uma pergunta do palestrante: "Do you speak english?" Isso mesmo. O vídeo era em inglês... O pouco tempo que estive presente, o vídeo tratou do uso do cinto de segurança e do celular. Nada sobre condução de motocicletas. Ou seja, o acréscimo no conhecimento, que seria bem-vindo, não veio! 

Deveriam ter passado algumas instruções para nós, motociclistas, tais como: não tirar a mão do guidom para sinalizar buracos, quebra-molas, radares, nem tampouco usar os pés para essas sinalizações... Manter distância da moto da frente, de tal modo que um carro possa intercalar entre as duas motos, não ultrapassar em faixa contínua, não ingerir bebida alcóolica antes de pilotar, não fazer das rodovias pistas de autódromos, etc... Mas nada disso. Só o vídeo!

Teste do bafômetro: É razoável, inclusive do ponto de vista econômico (a PRF vive reclamando que não tem recursos), que o teste de alcoolemia seja realizado apenas nos casos em que o agente suspeita que o condutor esteja conduzindo sob o efeito de álcool. Por menor que seja a suspeita. Que haja indicação, por parte de comportamentos do condutor, através de sinais característicos, que o mesmo está com a capacidade psicomotora alterada. Seria mais eficiente que o teste fosse realizado após o horário de almoço...

É bom lembrar que o teste do bafômetro não é o único meio para confirmar a alteração da capacidade psicomotora em razão de influência de álcool. Há sinais e atitudes características que indicam, tais como: sonolência, olhos vermelhos, soluços, odor de álcool, arrogância, ironia, etc. Não apresentávamos nada disso. Desnecessário, portanto, o teste. Desperdício de dinheiro público.

Muito ao contrário, estávamos todos muito sóbrios!!! Não havia nenhuma razão para o gasto desnecessário de bafômetros. Mas, enfim... Fizemos o teste (nunca havia feito), recebemos os documentos e seguimos viagem. Sem stress...



Fica claro que o teste foi feito apenas para justificar o abuso em reter os documentos da galera, entre eles alguns motoristas em viagem. Imagine se alguém tinha compromisso com hora marcada. Iria sair dali furioso e, com certeza, iria compensar o tempo perdido (quase uma hora), conduzindo com velocidade acima da permitida, de forma a chegar ao destino no horário previsto. Isso com certeza colocaria vidas em risco...

Importante ressaltar que não há previsão legal que obrigue motoristas e motociclistas, com habilitação válida, assistirem palestras, principalmente durante uma viagem, e num posto da polícia rodoviária. Aí caracteriza-se o abuso. 

É óbvio que após a 'palestra', e antes de seguirmos viagem, fui conversar com o superior, o palestrante. Samir, o nome dele. Muito atencioso e gentil. Deixei registrado que, em minha opinião, a PRF estava cometendo abuso de poder. Que não podiam interromper a viagem de ninguém para veicular um filme, em língua inglesa (!), nem muito menos 'palestrar'... Sei que não vai dar em nada, mas não podemos deixar passar em branco.
O 'superior'- palestrante
Contudo, houve uma coisa positiva na retenção. Por conta do teste do bafômetro, logo no início da viagem, dali em diante não bebemos nenhuma cerveja ou qualquer bebida alcóolica antes de pilotar. Será que não? Confesso que não me lembro. ;) 

Detalhe: Viajamos quase 3.500km, por seis dias, por Goiás, Minas Gerais, Rio de janeiro e Espírito Santo, e essa foi a única vez que vimos a PRF, em operação, nas estradas pelas quais passamos... Em pleno carnaval. E os acidentes não são raros nessa época. 

Temos visto muitos motociclistas abusando da velocidade nas rodovias. Mas também tem muitos policiais que abusam do poder. Cada um abusa do que tem. 
Fica o registro!



5 comentários:

  1. Que bom que algo de positivo aconteceu. Pelo menos você não bebeu (acho que subentende-se assim no seu texto). Talvez isso tenha salvo a sua vida. E não te ocorre que além de olhar o seu documento, e sua moto é preciso checar no sistema se a moto ou o senhor não possuem outras pendência. Há, e o video foi de cinto. Quer dizer que não te serve. Você não anda de carro né. Nunca vai andar. E por último, o que também parece explícito no seu texto, vocês costumam beber quando viajam (só não beberam naquele dia, mas ainda o sr. não lembra). Ou seja, costumam não cumprir a lei. De quem não cumpre a lei, eu só posso esperar isso mesmo, uma opinião que tenta jogar no lixo um trabalho bonito e importante que os policiais fazem, muitos no seu horário que era para estarem de folga.

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  2. Parabéns pelo post.
    Realmente ficou uma situação chata pra PRF esse tipo de vídeo.
    Mas sempre tiro o chapéu pro pessoal dessa polícia. Ultimamente com o efetivo reduzido, os policiais estão praticamente só atendendo ocorrências de emergência: resgate dentro de carros e encaminhamento para as cidades próximas e delegacias.
    Hoje os hospitais de cidade pequena estão com 50% dos leitos utilizados por acidentes em rodovias. A polícia faz o que pode com a tecnologia, usando câmeras estratégicas que monitoram a circulação de trânsito, pra evitar de deixar policial circulando a toa na rodovia.
    Os resultados são positivos. A apreensão de drogas no Brasil é gigante e a maior parte vem pelas rodovias. O número de mortes nas rodovias diminui todos os anos. Policiais PRF são enviados aos EUA todos os anos pra palestrar sobre segurança nas rodovias.
    Sempre que precisar, pode acionar o telefone 191 que a PRF te atende. Se algum veiculo for roubado, pode ligar também, o sistema alerta todos os postos sobre a ocorrência, e na grande maioria o veiculo é resgatado, sem nenhum tiro disparado.
    Precisou de água, de ajuda? Pode contar com a PRF. São humanos como você e como eu. Não perca a credibilidade de uma instituição que dá a vida pela gente. Os PRFs tem expectativa de vida de 55 anos, muitos morrem na rodovia por todos nós. Os que estão na rodovia estão por vocação. O salário é baixo pra quem morre principalmente atropelado e de câncer de pele, com suas famílias em casa rezando pra que volte tudo certo.
    E retornando a parte inicial, eu fico feliz em saber que voces rodaram 3500km sem nenhum bebado invadindo na frente do seu carro, nenhum assalto, nenhuma vítima sem socorro.

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