quarta-feira, 30 de julho de 2025

O Motociclista como Produto: A Verdadeira Engrenagem do Evento

No evento realizado em Brasília, no final de julho, motociclistas pilotando sem garupa entram sem pagar, em qualquer horário. Um aparente benefício que, na verdade, mascara uma estratégia comercial cuidadosamente montada para transformar sua presença - e  principalmente sua moto - em produto de exposição gratuita. O evento não precisa contratar cenografia ou pagar atrações visuais: as motos dos próprios motociclistas são o espetáculo.

Enquanto os motociclistas desfilam e exibem espontaneamente suas máquinas, criando um cenário visual de tirar o fôlego, sua presença é transformada em vitrine gratuita, sem oferecer retorno financeiro ou reconhecimento significativo. Os organizadores lucram com ingressos caríssimos cobrados do público em geral, que paga para “ver as motos” e consumir a atmosfera fabricada de uma cultura que ali está sendo explorada, e não celebrada.

Fornecedores de capacetes, roupas, acessórios, serviços motociclísticos e alimentos pagam uma fortuna por estandes, sabendo que os motociclistas e suas motos, atraídos como “cenário humano”, são o público-alvo ideal. As estimativas oficiais de 300 mil motos amplamente divulgadas parecem infladas, servindo mais como propaganda para atrair patrocinadores e público. Mesmo considerando os dez dias de evento, um cálculo realista sugere números bem menores, no máximo, cerca de dez mil motos por dia, compatíveis com a capacidade do espaço e a logística do evento

A situação das garupas expõe ainda mais a lógica comercial. Embora motociclistas com garupa tenham entrada gratuita em alguns poucos horários, após esses períodos a garupa paga ingresso, como qualquer pedestre, embora com um valor próximo de 50% deste. Essa cobrança é questionável: a garupa, parte essencial da cultura motociclista, não é valorizada como o piloto, apesar de chegar na mesma moto que o evento exibe como atrativo. Por que penalizar quem compartilha a experiência da pilotagem, se a moto é o elemento central do espetáculo? O piloto entra de graça porque traz a moto; a garupa é tratada como detalhe dispensável.

O argumento utilizado de que a garupa paga para evitar 'fraudes' (troca de garupas para burlar a cobrança de ingressos), revela mais interesse em maximizar lucros do que em tratar o público motociclista com respeito. Existem formas simples, justas e inteligentes de coibir abusos, sem penalizar quem participa de boa-fé. A tecnologia e a inteligência artificial estão aí para isso. 

É certo que motociclistas têm acesso a benefícios, como shows, test rides e networking com a comunidade. Mas esses atrativos não compensam a ausência de reconhecimento pelo papel fundamental que desempenham. Patrocinadores, como marcas de motos e cervejas, capitalizam o espírito de irmandade, transformando-o em narrativa publicitária, enquanto os verdadeiros protagonistas - os motociclistas - são instrumentalizados, utilizados e recompensados apenas com um “ingresso cortesia”. 

Para tornar o evento mais justo, os organizadores poderiam começar pela isenção total das garupas, reconhecendo que ambos constroem a alma do festival. Mas o respeito não se limita ao acesso: descontos exclusivos em consumo (alimentos, bebidas, produtos), entre outros benefícios para quem faz o evento acontecer, são medidas mínimas de reconhecimento. Muitos reclamam das áreas de camping, por exemplo.

O respeito se constrói com ações concretas, que reconheçam que o motociclista não é figurante, é a essência do evento.

Até lá, a cultura das duas rodas segue sendo explorada, usada como vitrine gratuita, enquanto seus verdadeiros protagonistas continuam tratados como peças de um espetáculo que gera lucro, mas não partilha respeito. 

No final, o que está à venda não é apenas ingresso, camiseta, produtos ou cerveja. O que se vende é a própria cultura motociclista, reduzida a pano de fundo cenográfico, enquanto os verdadeiros protagonistas - os motociclistas e garupas - são instrumentalizados, utilizados e descartados, recebendo um “ingresso cortesia” como pagamento simbólico pela sua contribuição essencial.




quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

HOG/BSB cobra “taxa de inscrição” para passeio de moto

Se essa moda pega… 

A BSB Harley-Davidson e o HOG, em parceria com o Restaurante La Parrilla (Alto Paraíso/GO), está promovendo um passeio-almoço, exigindo, no momento da “inscrição”, o pagamento antecipado de 50% do valor do prato, escolhido previamente, e transferir o valor para a Associação Amigos HOG Brasília (CNPJ 45.869.044/0001-90).

A provável justificativa é que muitos participantes confirmam presença e desistem, o que é algo natural em passeios de motos. Mas o HOG sabe, ou deveria saber, o percentual de desistências nesses passeios. Imprevistos acontecem e, no dia, caso o motociclista não possa comparecer por motivos alheios à sua vontade, poderá ficar no prejuízo. Sem considerar que pode amanhecer chovendo.

Outra provável justificativa é que a cobrança antecipada permite ao restaurante adquirir os insumos, contratar pessoal extra, etc., ou já ir preparando os pratos para agilizar. Um estabelecimento do porte do La Parrila deve, ou deveria, estar preparado para todas as situações, inclusive para atender seus clientes em tempo razoável (1h?). Principalmente sabendo antecipadamente quantos comparecerão e quais pratos escolheram.

Fanáticos poderão dar uma outra justificativa qualquer. É normal, porque tem muita gente que faz de tudo para defender a marca, pouco importando a parte mais importante: os motociclistas!

Não há justificativa. Esta cobrança é injusta e desproporcional, pois transfere o risco do negócio ao consumidor.

É importante destacar que a Harley-Davidson e o HOG, ao organizarem esse passeio-almoço, promovem suas marcas e o restaurante parceiro. Não faz sentido cobrar “taxa de inscrição” ou pagamento antecipado do motociclista, que é peça fundamental para o sucesso do evento.

Uma postura mais respeitosa e equilibrada seria o restaurante estabelecer um tempo de tolerância razoável para eventuais atrasos ou cancelar a reserva automaticamente em caso de não comparecimento no horário marcado.

Motociclistas não deveriam aceitar esse tipo de prática (que pode virar moda), que favorece exclusivamente os organizadores e restaurantes, em detrimento dos motociclistas, na maioria “harleyros”. Eventos devem ser organizados com respeito e equilíbrio.

A BSB Harley-Davidson e o HOG deveriam reavaliar parcerias com estabelecimentos que exigem (?) esse tipo de condição.

Se essa moda pega.

Obs: Nem carro de apoio será disponibilizado, uma cortesia histórica da HD…, evidenciando o total descaso e isenção de responsabilidade dos organizadores para com seus clientes.

Clique aqui para link da inscrição (se ainda estive disponível - geralmente é excluído após o passeio...)






quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

HOG COBRA "TAXA DE INSCRIÇÃO” PARA PASSEIO DE MOTO (PODE VIRAR MODA…)

A BSB Harley-Davidson e o HOG, em parceria com o Restaurante La Parrilla (Alto Paraíso/GO), está promovendo um passeio-almoço, exigindo, no momento da “inscrição”, o pagamento antecipado de 50% do valor do prato, escolhido previamente, e transferir o valor para a Associação Amigos HOG Brasília (CNPJ 45.869.044/0001-90).

A provável justificativa é que muitos participantes confirmam presença e desistem, o que é algo natural em passeios de motos. Mas o HOG sabe, ou deveria saber, o percentual de desistências nesses passeios. Imprevistos acontecem e, no dia, caso o motociclista não possa comparecer por motivos alheios à sua vontade, poderá ficar no prejuízo. Sem considerar que pode amanhecer chovendo.

Outra provável justificativa é que a cobrança antecipada permite ao restaurante adquirir os insumos, contratar pessoal extra, etc., ou já ir preparando os pratos para agilizar. Um estabelecimento do porte do La Parrila deve, ou deveria, estar preparado para todas as situações, inclusive para atender seus clientes em tempo razoável (1h?). Principalmente sabendo antecipadamente quantos comparecerão e quais pratos escolheram.

Fanáticos poderão dar uma outra justificativa qualquer. É normal, porque tem muita gente que faz de tudo para defender a marca, pouco importando a parte mais importante: os motociclistas!

Não há justificativa. Esta cobrança é injusta e desproporcional, pois transfere o risco do negócio ao consumidor.

É importante destacar que a Harley-Davidson e o HOG, ao organizarem esse passeio-almoço, promovem suas marcas e o restaurante parceiro. Não faz sentido cobrar “taxa de inscrição” ou pagamento antecipado do motociclista, que é peça fundamental para o sucesso do evento.

Uma postura mais respeitosa e equilibrada seria o restaurante estabelecer um tempo de tolerância razoável para eventuais atrasos ou cancelar a reserva automaticamente em caso de não comparecimento no horário marcado.

Motociclistas não deveriam aceitar esse tipo de prática (que pode virar moda), que favorece exclusivamente os organizadores e restaurantes, em detrimento dos motociclistas, na maioria “harleyros”. Eventos devem ser organizados com respeito e equilíbrio.

A BSB Harley-Davidson e o HOG deveriam reavaliar parcerias com estabelecimentos que exigem (?) esse tipo de condição.

Se essa moda pega.

Obs: Nem carro de apoio será disponibilizado, uma cortesia histórica da HD…, evidenciando o total descaso e isenção de responsabilidade dos organizadores para com seus clientes.

Clique aqui para link da inscrição (se ainda estive disponível - geralmente é excluído após o passeio...)