Para viajar é necessário, entre outras coisas, dinheiro. Disto não há a menor dúvida. Pouco que seja, mas é indispensável. Sem
dinheiro, não se sai do lugar, não é mesmo? Gasta-se com a moto, com você e com um monte daquelas outras coisas.
Tentarei, neste post, detalhar os gastos e as maneiras de custear uma viagem de moto. Vale para carro também.
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Carretera no Peru - Ayacucho |
CUSTOS COM A MOTO:
Tem custos que são inevitáveis. Combustível, por exemplo. Sem ele, a
moto não funciona. Os Lubrificantes também são indispensáveis.
Tá bom, para estes tem como encontrar aquele mais barato, não recomendado pelo
fabricante. Mas funciona... Quanto àquele (gasolina), não tem jeito. É custo
obrigatório. Não tem como pedir descontos ao frentista. No máximo pode abastecer num posto sem bandeira. Mas não é recomendável que se faça isto no Brasil.
Outros custos, agora com a manutenção, podem ser reduzidos. Por
exemplo, com algumas peças.
Dependendo de qual seja, pode ser substituída por outras, não originais. Em certos
casos não é aconselhável, mas faz a moto sair do lugar. Isto é o que importa, não
é? Mas tem que ter cuidado com peças xing ling... Pode estragar a viagem.
Quanto à mão de obra, também pode se reduzir fazendo os serviços em oficinas
alternativas ou até quase eliminar, caso o motociclista saiba fazer a manutenção de sua moto. O que gera uma economia
razoável. Mas quem sabe fazer isto é exceção, certo? E, mesmo assim, há serviços que só em oficina é possível fazer. Portanto, há custos com manutenção.
CUSTOS COM O PILOTO:
Primeiro, em relação à alimentação, é possível economizar uns trocados. Afinal, em quase todo lugar tem restaurante para todos os gostos e
bolsos. Mas neste quesito, é necessário tomar muito cuidado, porque a economia
pode sair caro (remédios, tempo perdido, risco de infecções, etc.). Se não tem
como economizar no combustível da moto, por que economizar, em demasia, com nosso combustível (alimentação), a ponto de nos causar problemas de saúde! Quanto à
água, mesmo procedimento, até com mais cautela. Problemas de saúde podem prejudicar e até interromper a viagem.
Hospedagem: Também é possível economizar, e
muito, neste quesito. Na maioria dos lugares há hotéis, hosteis, pousadas, igrejas, casa de conhecidos (a irmandade... - muitos são membros de motoclubes para filarem uma estadia!), postos de gasolina e beira de rios ou de rodovias (para acampar), etc. Cada um tem um jeito. Mas não é em todo lugar que é possível
evitar gastos com acomodações.
OUTROS CUSTOS:
Há inúmeras outras despesas, tais
como pedágios, passeios e entradas em atrações turísticas, documentação, equipamentos
diversos (barracas, spots, máquinas fotográficas, etc.), eventuais transporte da moto
(balsas, aviões, guinchos para evitar uma situação crítica), vestuário, seguros diversos, impostos, etc. Mas são
despesas mínimas e nem sempre necessárias. Mas devem ser contabilizadas, se for o caso.
Por fim, há também a depreciação da
moto. Item bastante desprezado pela maioria. Afinal, quanto mais se usa, mais desvaloriza. Por experiência própria, uma moto (ou qualquer veículo) perde, em média, 8% de seu valor, por ano! Uma moto que custe R$ 60.000,00, a cada ano desvaloriza, R$ 4.800,00. Ou seja, R$ 400,00 por mês, o que dá aproximadamente R$ 13,00 por dia! São custos, certo? Afinal, após um certo tempo você terá que trocar de moto. Levamos em consideração uma utilização da moto por cinco anos. Depois destes cinco anos, se consegue R$ 36.000,00 na moto, cuja nova custa R$ 60.000,00!
Em relação aos custos com a moto,
depende tão somente da quilometragem
percorrida.
Quanto aos custos com o piloto e depreciação da moto, a relação de dependência é com
os dias de viagem. Quanto aos
outros custos, dependem, em grande parte, dos destinos.
Perguntas que se deve fazer, para
calcular o custo de uma viagem:
1. Quantos quilômetros irei percorrer,
em toda viagem?
2. Quanto minha moto (ou qualquer outro
veículo) consome de combustível por km rodado?
3. Qual o preço médio do combustível?
4. Qual é o gasto com manutenção, por km
rodado (incluindo peças, mão de obra, pneus, rolamentos, etc.)?
5. Qual a duração, em dias, da minha viagem?
Com as respostas a estas perguntas,
poderemos fazer uma previsão inicial do custo total da viagem.
Por exemplo:
Uma moto que faça média de 18km
com um litro de gasolina, o que é o consumo da maioria. O valor médio do combustível é por volta de R$ 3,80 (sempre
bom colocar um pouco acima!). Portanto, R$ 0,21/km.
A cada 10.000km, em média, se faz revisão na moto e cada uma
custa, em concessionária, por volta de R$ 2.600,00, incluindo os itens que não são substituídos em todas revisões, tais como pneus, bateria, discos, rolamentos e pastilhas, por exemplo. Com certeza, alguns custos não são gastos durante a viagem, mas são custos que devem ser considerados.
Ou seja, neste exemplo, gasta-se R$ 0,21 (3,80/18), com combustíveis e R$ 0,26
(2.600,00/10.000) com manutenção, por km rodado, considerando revisão
feita em concessionária. Ou, seja, R$ 0,47 por km rodado, com a moto, fora os imprevistos! Este custo, com manutenção, como dito acima, pode ser bastante reduzido. Mas não deixe de contabilizar os custos com pneus, baterias, rolamentos, etc., que não se troca em toda revisão. Pneus e discos de embreagem ou de freio são caros!!
Portanto, numa viagem de 15.000km, é possível prever um gasto, com a moto, de, aproximadamente, R$
7.050,00, excetuando-se os imprevistos (15.000 x 0,47). Se utilizar uma
moto mais econômica, que faça 30km/l, por exemplo, o custo com combustíveis seria de R$ 0,13
por km rodado (R$ 3,80/30). Numa viagem de 15.000km, gasta-se R$ 1.950,00, só com gasolina!
Com manutenção, cada um tem um custo diferente. Mas contabilize os itens que troca de vez em quando. Calcule aí o gasto que você tem com manutenção (incluindo, pneus, baterias e outros itens que não são substituídos em todas elas) e divida pela quilometragem de revisão ou troca, para saber o custo por km.
Com alimentação e hospedagem, que dependem do número de dias que
durará a viagem, a conta é um pouco mais complicada. Depende muito dos destinos
diários, da idade do piloto, do apetite, da grana disponível, etc.. A maioria, eu incluso, pernoita em hotéis com boa localização, que tenha estacionamento, internet, chuveiro bom, cama confortável,
café da manhã e restaurante nas proximidades.
Ceviche a 30 reais e frango assado com fritas, a 14 reais, no Peru. Lima e Huánuco.
Algumas vezes emcontramos bons hotéis a R$ 40,00
e noutras, o custo é de R$ 180,00 ou mais. Mas é possível pagar até R$ 20,00 por pernoite, a depender do local. Consideremos o custo médio com hospedagem, no valor de R$ 120,00.
Pensão a 20 reais em Serra da Saudade, Minas Gerais, e hotel a 150 reais em Huánuco, Peru:
Alimentação também depende muito dos destinos.
Mas, em média, gasta-se por volta de R$ 40,00/dia (lanches e jantar ou almoço). Na mesma viagem (15.000km), com duração de 30 dias, a previsão de gastos nestes dois quesitos (hospedagem e alimentação) é de R$
4.800,00. Menos do que o gasto com a moto!
E, ainda, temos uma despesa oculta de aproximadamente, R$ 390,00 com a depreciação da moto... (30 dias x 13,00). Mixaria né? Mas tem que contabilizar.
Totais: Moto: R$ 7.050,00; piloto: R$ 4.800,00. Depreciação: 390,00. Sub-total: R$ 12.240,00. Que não são, necessariamente, gastos durante a viagem. Pode ser antes ou depois.
Quanto aos demais itens (passeios,
documentação, pedágios, etc.), gasta-se muito pouco. Não compensa nem Individualizá-los. Mas faça uma reserva, algo como 15% do
custo total (moto e piloto). Ou seja, no nosso exemplo, R$ 1.836,00.
Total previsto para uma viagem de 15.000km e 30 dias, preveja um gasto de R$ 14.076,00. Estamos nos referindo a uma viagem prazeirosa, não penitente... De sacrifícios. Estas são raras.
Se tiver acompanhante, o custo extra será com alimentação, principalmente. Se for o caso, contabilize este acréscimo.
Feita a previsão de gastos, a
pergunta que se faz é a seguinte: Como conseguir dinheiro para realizar a
viagem?
Há várias maneiras:
1. Você trabalha, ou é aposentado, ou já
trabalhou muito e ganha (ou ganhou) razoavelmente bem. Ou tem pai rico,
ou ganhou na mega sena, sei lá... Aí não é problema, certo? Tem até uma boa (?)
e cara moto, tempo e dinheiro disponíveis. Vai pra onde você quiser, certo?
2. Você trabalha mas ainda não tem uma
boa remuneração. Mas mesmo assim viaja, economizando no que for possível. Claro
que há limitações, neste caso. Com destinos, alimentação e hospedagem,
principalmente.
3. Não trabalha nem tem qualquer
rendimento. Mas quer viajar. Neste caso, vende o pouco que tem ou procura
patrocínios, o que a minoria consegue! E sai por aí, às vezes, mendigando hospedagem e alimentação.
Na primeira maneira, às vezes nem é
necessário prever custos. Vai e pronto. Gasta-se o que for necessário e até com
o que não for.
Já na segunda e terceira maneiras
(principalmente nesta), pode fazer o seguinte:
Junte um pouco de dinheiro ou venda alguma coisa, ou faça um empréstimo, sei lá.., e faça uma pequena viagem, de preferência uma que desperte o interesse de muitos. Geralmente uma daquelas viagens que poucos tem
coragem de fazer. Principalmente, em vias não pavimentadas. A galera adora! Depois, escreva um livro ou faça um DVD com vídeos e fotos
destas viagens, venda e consiga dinheiro para as próximas.
Só não esqueça de uma coisa: se ficar juntando dinheiro para viajar, por muito tempo, você corre o risco de morrer antes. 😉
Quanto mais você
viaja e produz livros ou documentários, mais grana você vai acumulando, até ser
possível viajar para qualquer destino. E até, quem sabe, parar de trabalhar e viver de suas viagens! Mas não
esqueça: Viaje sempre para aqueles destinos que despertam muito interesse.
Senão a fonte seca!
Uma outra forma é trabalhar durante a
viagem (o que quase ninguém quer...). Nos destinos turísticos sempre se consegue uma ocupação, por uma semana
ou um mês. Com o dinheiro que consegue, prossiga a viagem. Mas não descarte a
produção dos livros e documentários, afinal, haverá muita história a ser contada. Os perrengues são sempre interessantes...
Tem também a famosa vaquinha... Arrume
uma desculpa qualquer para pedir dinheiro para os incautos motociclistas que
acreditam em tudo... Há várias histórias relatadas na internet. Eu conheço um que fez vaquinha para comprar uma máquina fotográfica... Tem até site
especializado para pedir dinheiro para os outros. E o que não falta é gente generosa, não é mesmo? Aquela irmandade... Ou incauto, sei lá.
Você pode também virar agente de mototurismo em duas rodas e guiar motociclistas que não sabem ou não querem planejar uma viagem ou viajar sem um comandante. Tem muitos por aí que precisam disto.
Ah... tem como faturar uns trocados dando palestras também... Montadoras tem investido nisto, como forma de ajudar vender seus produtos. Nem precisa ter muita experiência...
Por último, pelo menos neste post, há
os patrocínios. Se sua viagem for realmente interessante, para algum segmento comercial ou científico,
é possível conseguir, dependendo da sua lábia e do grau de relacionamento com as
empresas ou entidades. Conheço quem está viajando há três anos à custa de patrocínios, com pouquíssimo recurso próprio.
Finalmente, viaje!!! Não importa a
maneira. Viajar é descobrir e se descobrir. Ler livros e assistir documentários
não te leva a nenhum lugar. É como ficar acelerando sua moto sem sair do lugar.
A famosa zueira.
E zueira, estamos fora, não é o que se diz?
PS: tudo o que está escrito é baseado em minha experiência própria.... Há controvérsias, claro!!
PS2: ainda vou publicar um livro e uns documentários... mas só depois que parar de viajar. Viajar toma muito meu tempo!
PS3: qualquer semelhança com personagens reais é mera coincidência.