quinta-feira, 22 de outubro de 2015

De Moto Com Destino a Serra de Lídice

Há tempos desejava rodar pela Serra de Lídice, que fica entre a Rio-Santos e Volta Redonda. Denominada de BR-494, que coincide com a RJ-155. Conhecida também como Rodovia Presidente Getúlio Vargas.

A oportunidade surgiu quando me convidaram para ir para o Salão Duas Rodas em São Paulo. Logo em seguida, um dos participantes, Marcos Quezado, me perguntou se estaria disposto a voltar com ele e o André Patrus por Caxambu. Pronto. Era o que eu precisava. E lá fomos nós... E digo logo: foi uma das melhores viagens que já fiz. Tanto pelas companhias, quanto pelas estradas e paisagens.

Este é um dos túneis da Serra de Lídice
Inicialmente, sete amigos se animaram a fazer o roteiro proposto (Renato, Rasc, André, Quezado, Paulo César-PC e Cris e Cristiane L). Depois, mais três se animaram (Hermes e sua esposa Lídia, Edson e Robson, um amigo do Rasc). Seriam 10 motos. Contudo, o Edson, a Cristiane e o Robson desistiram. 

Após superarmos a síndrome da véspera (SV) ou Tensão Pré Viagem (TPV) - leia aqui-, saímos dia 9/10, às 7h10. Eu, Coronel Renato, Ricardo Rasc, André Patrus, Marcos Quezado e os casais Paulo César e Cristiane e Hermes e Lídia (o André se atrasou e nos encontrou na estrada). 7 motos. 7 homens, 2 mulheres e 6 destinos (Ribeirão Preto, São Paulo, Taubaté, Barra Mansa, Furnas e Brasília). Regras: Não perder de vista, por muito tempo, o motoqueiro, ou motocilista que vem atrás e sempre nos encontrarmos no local de destino combinado, caso alguém se atrase ou se adiante. Ou se perca. 
Estrada para Ribeirão Preto - sol rachando
O tempo estava ensolarado e sem previsão de chuva. E assim foi até Ribeirão Preto, onde chegamos por volta de 16h30. Banho, descanso e Pinguim, que foi a maior furada da viagem. Não estava na programação, mas fomos, por sugestão do Hermes, que acabou não indo... Comida muito cara e chopinho mixuruca. Dois goles e já era. Pinguim, nunca mais!!! Lá surgiu uma pequena divergência. Eu tinha programado sair de RP às 9h, para chegar em SP às 13h, horário do chek in. O Rasc e outros queriam sair às 7h. Negociamos e ficamos no meio: Sairemos às 8h.

No dia seguinte, nos encontramos no local combinado às 8h30. Paramos em um posto e a moto do Quezado apresentava um barulho que não soubemos identificar. O Hermes, que havia saído mais cedo, já estava quase chegando em SP... Haviam duas alternativas: voltarmos a Ribeirão para verificar o problema, uma vez que estávamos mais perto, ou seguimos até Pirassununga, que estava uns 100km à frente? A decisão foi seguir até Pirassununga onde levaríamos a moto (MidNight - não era uma HD!!) até uma oficina. Não deu certo. O endereço era de um consórcio. Não tinha mecânico. Esperamos um chegar, que não identificou o problema. Seguimos.
Um desvio no roteiro
Tempo lindo já chegando em SP

Momento tenso na chegada... Culpa do GPS
Chegamos em SP por volta das 15h. Trânsito ainda complicado. Depois do chek in, nos dividimos. Uns foram antes para o Salão, outros foram depois, inclusive eu e o André. Após o salão, uns foram para o Bexiga e outros para o hotel, inclusive eu.
Indian - Louríssima
Harley-Davidson
Até aqui, nada demais. No dia seguinte, 11/10 começaria a viagem para valer. Destino: Santos, Guarujá, Bertioga, Caraguatatuba (subir e descer 15km da serra), Ubatuba e pernoite em Taubaté, após subir a serra.

Saímos de São Paulo às 9h40 (40min de atraso - acontece), pela Rodovia Anchieta, a qual não conhecia, com destino a Santos. Caso alguém se perdesse, combinamos o local de encontro: balsa de Santos-Guarujá. A separação foi inevitável, devido ao trânsito. Fomos em três grupos. Nos encontramos no local combinado e novamente combinamos: se alguém se perder, encontraríamos na balsa de Bertioga. 
Rodovia Anchieta - Muito trânsito e curvas...
Entrando na balsa - Guarujá
Eu, o PC e o Renato fomos em direção a Bertioga. Chegamos e esperamos, pois o Rasc, o André, o Quezado e o Hermes ficaram para trás... Nada. Entramos em contato telefônico e nos informaram que o barulho da moto do Quezado aumentou e resolveram achar um mecânico. Aproveitaram também para almoçar... Fomos adiante, e combinamos de nos encontrarmos no hotel, em Taubaté.

Belas curvas e estrada de Bertioga até Caraguatatuba, pela Rio-Santos (BR-101). Uma pequena chuvinha surgiu. Paramos, comemos um pastel gigante, colocamos capa de chuva e seguimos. Mais à frente, após enfrentarmos um engarrafamento enorme, paramos e decidimos abortar Ubatuba e ir direto para Taubaté, pela Serra de Caraguatatuba, ou mais precisamente, Rodovia Tamoios. O pessoal que ficara em Guarujá seguiu direto, pela Rodovia Dom Paulo Rolim Loureiro (Bertioga-Mogi das Cruzes). Chegaram antes no hotel. Novamente todos reunidos. Pegamos táxis e fomos jantar. Uma picanha espetacular e umas cervejas uruguaias idem. No dia seguinte, descer a serra de Ubatuba, passar por Trindade em direção à tão esperada Serra de Lídice.
Rio-Santos. Bertioga a Caraguatatuba. Chuvinha boa para refrescar
Já disse e repito. Rio-Santos mais linda que Big Sur
Rodovia Tamoios - belas curvas
Saímos por volta de 8h10 em direção a Ubatuba pela Rodovia Osvaldo Cruz, BR-383 ou SP-125. Linda estrada. Curvas muito fechadas. Para mim, as curvas mais difíceis por onde já passei. Serra do Rio do Rastro é para os coxinhas... Trânsito congestionado. Combinamos de nos encontrarmos no final da serra. Cada um desceu conforme suas habilidades.  
Descendo a serra de Ubatuba
Seguimos em direção a Trindade. Para chegar até lá, uma estradinha muito bacana. É necessário passar por um pequeno riacho cujo fundo é de pedras naturais. Tem que passar no local certo, para diminuir o risco de tombo. Almoçamos um bom peixe e seguimos para a Serra de Lídice. 
Estrada para Trindade
Um pequeno desafio para os iniciantes
De Trindade até a entrada para a serra são, aproximadamente, 105km. Era o que imaginava. Estrada simplesmente fantástica. No quesito asfalto (muito bom), curvas (excelentes), túneis rústicos com piso em paralelepípedo (?) e molhado (show de bola) e claro, as paisagens. Subi, desci e subi novamente o trecho mais interessante. Os que só subiram seguiram em frente e depois nos encontramos no primeiro posto de gasolina, em Rio Claro. 
Serra de Lídice
Os túneis são uma atração a parte...

Por que subir e descer? E no caso, subir novamente? A sensação e o visual de descer é completamente de subir. E, a segunda vez é sempre melhor que a primeira. Entendo que assim deve ser feito em todas as serras pelas quais passamos.

A programação era dormir em Barra Mansa ou Volta Redonda. Não reservamos hotéis, mas pesquisei e coloquei o endereço no GPS de um, em Volta Redonda, classificado como bom, no Booking. E para lá fomos, chegando por volta de 18h, após passarmos por uma estradinha muito legal, entre fazendas, do interior do Rio de Janeiro. Sem jantar. Apenas sanduíches e pizza que demorou uma eternidade para chegar. Quase matou o André (o comilão da turma) de fome.
Um atalho para Volta Redonda

No dia seguinte, seguimos para Furnas. Mas antes, o Quezado madrugou e levou a moto numa concessionária, perto do hotel. Após uma regulagem fina da correia, problema resolvido... Se tivéssemos decidido voltar para Ribeirão Preto, quando detectamos o problema, no segundo dia de viagem, não teríamos tanto preocupação com a moto até então. Enfim... Decisão errada. Um aprendizado a mais. Qualquer problema mecânico durante a viagem, dirija-se à cidade mais próxima...

O caminho para Furnas foi de estradas e visuais impressionantes. Claro, na minha querida Minas Gerais. Contudo, aqui decidimos alterar o roteiro. Deveríamos seguir pela Dutra até Caxambu, passando por Itatiaia e Pouso Alto, isso, se o pernoite fosse em Barra Mansa. Mas, como estávamos em Volta Redonda, o GoogleMaps sugeriu seguirmos por Santa Rita de Jacutinga e Bom Jesus de Minas... E lá fomos nós... Após alguns erros, culpa do GPS, chegamos na BR-267, passamos por Caxambú, Cambuquira (onde comprei umas cachaças), Três Corações (MG-167). Seguimos pela MG-167 e depois BR-265 até Boa Esperança e depois Ilicínea (no Google esse trecho não está asfaltado e o GPS não o encontra). De lá, seguimos pela BR-265, no trecho recentemente asfaltado (!), denominado Rodovia Presidente Tancredo Neves até Alpinópolis e depois Furnas. Fomos recepcionados a 20km do hotel pelo amigo e FC Sérgio Campos, residente na região. Aliás, esse último trecho, após Três Corações, foi sugestão dele.
Curvas para alta velocidade...
Perdidos em Minas Gerais....
Abastecendo a Guerreira com cachaça Paraíso...

O dia seguinte foi simplesmente o ponto alto da viagem, juntamente com as serras e curvas pelas quais passamos. Os FC Sérgio, Ivan e Paulo Mandello nos recepcionaram como verdadeiros Fazedores de Chuva. Passeio à Usina, depois, em barco dos próprios, seguimos, pelo lago até os Canyons de Furnas, onde nos refrescamos nas águas límpidas do lago, e, para fechar com chave de ouro, um super churrasco no Rancho do Paulo. Inesquecível... Aprendendo, com eles, como recepcionar os fazedores de chuva!!!
Sala de comando antiga e o FC Sérgio meditando...
Galo Doido.... Esse entende. Mas não sei quem é o dono.
Canyons de Furnas - espetáculo de minha Minas Gerais
No último dia da viagem tínhamos 820km para percorrermos até Brasília. O Google Maps indicava o caminho mais curto, passando por Capitólio e Patos de Minas. O GPS novamente nos pregou uma peça. Após Pimenta sugeriu passarmos por Pains. Parei e perguntei se era asfaltado e os moradores disseram que sim. Rodamos 25km, chegamos na cidade e fomos informados que dali para frente não era asfalto. Voltamos 10km e seguimos para a BR-354 pela MG-439. Daí pra frente, após um atraso de meia hora, por culpa do GPS e da falta de um planejamento mais apurado de minha parte, só alegria. Passamos por Arcos, Bambuí, Carmo do Paranaíba e Patos de Minas, onde saboreamos umas pamonhas no Aguinaldo das Pamonhas. Cabe o registro que não é mais como era antigamente... 
Nem só de curvas são as estradas...
Da divisa MG/GO até em casa à noite

De Patos, seguimos por Vazante até Paracatú e depois por Cristalina até Brasília. No final foram mais de 910km no dia, em exatas 13h de viagem. Cheguei cansado (7 dias de viagem, 3.100km rodados). No outro dia, já estava pronto para outra...

Finamente, registro que foi uma das melhores viagens que já fiz. Companheiros super agradáveis, parceiros em todos os momentos e sem stresses desnecessários. Cada um teve liberdade para fazer o que quisesse na estrada, desde que nos encontrássemos no ponto previsto e não perdêssemos de vista, por muito tempo, o companheiro que vinha atrás, o que de vez em quando aconteceu! Mas não foi problema. Uns andavam mais rápido, outros mais devagar. Uns paravam para tirar fotos, outros não. Viajar de moto, para mim é isso: Liberdade sem ressalvas e sem chefes dando ordens. 

Inclusive um dos companheiros (Rasc), por motivos pessoais, resolveu seguir sozinho após a entrada para Trindade. Seguiu para a Serra de Lídice, de lá voltou para Taubaté, onde foi até ao restaurante do dia anterior buscar seu boné, que havia esquecido. Depois, seguiu para Limeira, pela Rodovia Dom Pedro, onde comeu um sanduba e dormiu num motel. Depois, já na terça-feira, seguiu por RP e Uberaba, chegando em casa às 16h40. Relato dele: "Pois é, mais uma viagem super bacana que acabei de fazer!!! Acabei de chegar em casa e achei Brasília um forno, como está quente! Foram apenas 5 dias mas bem intensos e divertidos ao lado de meus amigos Celso, Coronel, PC e Cris, Hermes e esposa (em lua de mel), Quezado e Patrus. Fizemos muitas atividades em função do pouco tempo... Pena eu não ter podido acompanhar o roteiro da galera até Furnas e cidades mineiras!!! Foi ótimo estar com vocês, muito obrigado e assim foi bom porque perdi muita coisa e nada melhor que deixar para depois!! Vamos com tudo na próxima!!! Ah e minha viagem solo foi demais!!! Muito astral e curtição da estrada!!!." E completou: Como diz o Celso, me chama que eu vou na próxima!!! kkkkk


Resumo do roteiro (Pernoites*): Brasília > Ribeirão Preto* > São Paulo* > Santos > Guarujá > Bertioga > Caraguatatuba > Taubaté* > Ubatuba > Trindade > Lídice > Rio Claro > Getulândia > Volta Redonda* > Santa Rita de Jacutinga > Bom Jardim de Minas > Caxambu > Cambuquira > Três Corações > Varginha > Três Pontas > Ilicínea > Alpinópolis > Furnas* > Capitólio > Pimenta > Pains > Arcos (MG-439) > Iguatama > Bambui > Carmo do Paranaíba > Patos de Minas > Vazante > Paracatu > Cristalina > Brasília. (3.100km). 

É isso aí. Ótima viagem para solidificarmos amizades.

Clique aqui e veja todas as fotos, diretamente no flickr.

Ou aqui:

Fotos GoPro após Trindade

7 comentários:

  1. Essa viagem foi show de bola.....já fiz todas essas estradas, o nosso Brasil tem estradas e visuais fantasticos....abração e boas estradas

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  2. Viagem com ótimos visuais, o roteiro sem duvida foi fantastico , parabéns, só faltou voces subirem a rodovia Osvaldo Cruz...Ubatuba - Taubaté.......grande abraço e boas estradas

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    1. Pois é... Mas descemos. A ideia era subir e descer, mas pelo tempo curto só descemos. Fantástica.

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  3. Sempre agradável visitar sua página, minucioso relato, rico de detalhes, belas fotos. Um ótimo guia de consulta para outros se aventurarem tb. Abração!

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