segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

4. De moto, com Deus, voltando de Ushuaia

Quer saber como foi a ida para Ushuaia? Clique aqui e aqui.

36º dia. 20/12. Ribeirão Preto=>Brasília. 736km. 

Como vinha fazendo há 35 dias, me aprontei e desci para a recepção e garagem do hotel para pegar a guerreira e partir para o último dia da viagem. Feliz.

Geralmente abasteço a moto ao chegar na cidade de pernoite para, no dia seguinte, já sair do hotel e pegar a estrada, que é o que interessa. Devido ao fato de ter ido direto para a HD no dia anterior, abasteci hoje na saída. O frentista insistiu em limpar o pára-brisa com um produto, flotador, que eu nunca tinha ouvido falar. Caso ocorresse danos à bolha, tirei uma foto para eventual processo de indenização.

Felizmente não aconteceu nada à bolha. Contudo, o GPS Garmin 390LM me levou para uma rua sem saída. Eu, que não conheço Ribeirão Preto, tive que parar umas duas vezes para pegar informações para chegar à rodovia. Foram 30min com isso. E olha que o mapa do GPS é o original e atualizado. 

A rodovia, excelente, está duplicada praticamente até Catalão. As obras acabaram e o trecho é ótimo. 



No trecho de mão dupla tem alguns locais muito bonitos. 

Saindo de Catalão, dava pra ver o que nos aguardava na chegada. Nuvens carregadas anunciavam a tempestade. 


Começou a chover 10km antes de Cristalina, coisa que ocorrera somente em dois dias de toda viagem. Por enquanto chuva fina. Para minha grata surpresa, 3 amigos me aguardavam no posto JK. Carlos Bueno, Rosiran e Marcos Almeida. 

Fiquei muito feliz em saber que tenho amigos que se dispõem a correr risco de pegar um temporal apenas para percorrer os últimos km dos mais de 16 mil e não deixar errar o caminho de casa. 

E, sem nenhuma dúvida, tirando o vento atípico que enfrentei entre Rio Gallegos e El Calafate (dias 2 e 4 de dezembro), o dia de hoje foi o pior de todos. 

Realmente a nuvem que avistei horas antes estava certa. Foi, literalmente, um aguaceiro. Após Luziânia tivemos que colocar as Harleys num alagamento de uns 30cm de altura. Pensei que não conseguiríamos chegar em casa. 

Muito preocupado com os amigos que me acompanhava, pois não conseguia enxerga-los, devido a chuva e pouca visibilidade, chegamos ao posto BR, na Candangolândia. Lá funciona a loja dos meus amigos Coracy e Jucimar, onde nos foi servido um café quente. 

Totalmente molhados, nos despedimos e seguimos. O Carlos fez questão de me acompanhar até o portão de casa. Debaixo de muita chuva e de engarrafamento da EPTG. Fiz sinal para entrar em casa, mas quando parei a moto só ouvi o barulho da Fat indo embora. Liguei pra ele, que se justificou dizendo que esse momento da chegada em casa eu deveria curtir apenas com minha família. Camarada sensato!!

Foram 36 dias de viagem, 25 de estrada e 16.060km rodados com um único problema: o piloto cansou no meio da viagem. Não eu. O piloto automático, que parou de funcionar após Esquel.

Para finalizar, uma foto que mostra onde estava no dia 5/12 e onde estou hoje, 20/12, que gosto muito e retrata a grandiosidade dessa jornada. Obrigado Deus. 

Até breve, Ushuaia. 

Nos aguardem, Alaska. 

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35º dia. 19/12. Curitiba=>Ribeirão Preto. 720km. 

O dia começou com uma indecisão minha. Ir pela BR-116 (Régis Bittencourt) ou conhecer a rastro da serpente? Lembrei-me que não fui feliz na única vez que mudei meu roteiro. Sendo assim, fui pela estrada com belas curvas mas muito perigosa no trecho de mão dupla. 



Um acidente na pista contrária, tal qual acontecera no dia anterior, vindo de Curitiba, causou um engarrafamento de quilômetros. Ainda bem que não era no sentido que eu ia.

Logo entrei nas espetaculares autopistas de São Paulo e parei para comer alguma coisa e descansar, o que não havia feito até então. 

E a estrada continua movimentada e linda. Realmente São Paulo é outro país nesse particular. 


Nova parada, em Araras, onde custei a achar um local para colocar o adesivo desse blog. Veja se você consegue encontrá-lo. 

Lá fiz um novo amigo. Pedro, que é integrante de uma banda (Clube da Viola 2), e viaja muito em sua Suzuki:

Mais uns km na Anhanguera e chego em Ribeirão Preto, 10 horas após sair de Curitiba. Sol durante todo o trecho. 

Fui direto para a loja da Harley, onde tive o prazer de conhecer pessoalmente o FC José Mário Caliento e o Luis Ricardo Figueiredo, que fazem parte do meu grupo no facebook, motos e motociclistas. Fui muito bem recebido por todo mundo. 


Esse na Electra amarela é o diretor do HOG, que não usa apito, viu Jorge?

Era dia do passeio natalino pela cidade, do qual iria participar, mas, devido ao cansaço, fui direto para o hotel, descansei e depois dei um pulo até o Pinguim, próximo ao hotel, onde tomei uns chopps, não me lembro quantos e fui dormir. 



Fui dormir imaginando como seria o último dia dessa viagem. 
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34º dia. 18/12. Florianópolis=>Curitiba. 315km. 

Meu objetivo hoje era chegar em Curitiba a tempo de assistir o jogo do Atlético no mundial de clubes. 

Assim, dormi até mais tarde e sai. Antes passei na sede do governo estadual para tirar a foto exigida pelos fazedores de chuva, no desafio bandeirantes, que consiste em visitar todas as capitais dos estados brasileiros. 

Curti, da moto, o belo visual da ilha. 




O trecho da BR-101 até Curitiba é um espetáculo. 



Houve um acidente na descida da serra que provocou um engarrafamento de quilômetros. Ainda bem que era no sentido contrário ao meu. Acredito que as pessoas tiveram que esperar umas três horas para prosseguirem. 



Mais alguns km, após a subida maravilhosa da serra e com tempo bom, mas de vez em quando ameaçando chover, cheguei no início do jogo, que não teve o resultado desejado. O galo perdeu... 


Antes porém, passei na sede do governo do Paraná para a foto exigida pelos fazedores de chuva. 


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33° dia. 17/12. Porto Alegre=>Florianópolis. 620km.

Hoje, pela 1ª vez, vou alterar meu planejamento. Em vez de ir pela BR-101, resolvi passar pela BR-116, conhecer um pequeno trecho da serra gaúcha e chegar em Floripa pela bela BR-282. Se o tempo permitir, desceremos a serra do corvo branco.

Essa era a intenção. Peguei a BR-116, no início com grande tráfego, principalmente de caminhões. Mas logo o trânsito diminuiu drasticamente e fui curtindo as belas curvas da rodovia. 



Chegando em Nova Petrópolis, vi a placa para Gramado e não resisti. No dia anterior meu amigo Magno tinha sugerido passar por lá e meu amigo Maurício havia feito o convite porque ele estava lá. Fui. Mudei, novamente, o planejado. 


O Maurício estava em Canela. Chegando ao hotel, para lhe dar um abraço, a Guerreira, como sempre, virou atração. 

Essa garotinha não queria mais sair do conforto. 


Após os abraços na família Marcellini segui, com destino a São Joaquim pelo interior do RS. Segundo informações colhidas no local, truncadas, a estrada não era asfaltada. Não quis arriscar. Tinha duas opções: voltava pela BR-116 ou seguia para a BR-101, pela Rota do Sol. Pensei, e decidi. A BR-116 eu já conheço. Fui pela desconhecida. 

Grata surpresa. A estrada é linda. Asfalto nota oito. O que, no Brasil quer dizer excelente. Visual fantástico. 



Logo chegamos à 101. Trânsito. 


Alguns trechos ainda não estão duplicados. Foi terrível. Mas chegamos em nosso destino, 160km além do planejado. 

E a lâmpada no painel continua acesa e o piloto automático continua com defeito. 

A assistência técnica da Harley-Davidson tem muito que melhorar em todo Brasil. O mecânico de Porto Alegre me garantiu que havia solucionado o problema. Vou pedir meu dinheiro de volta. 

Dei uma pequena volta noturna pelo centro da cidade, jantei e fui dormir. 



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32° dia. 16/12. Porto Alegre.

Dia reservado para revisão da guerreira, na concessionária da cidade. Relatei o problema do piloto automático, entre outros. A loja é bonita, mas não igual a de Brasília. A oficina é aberta. Pude acompanhar uma parte da revisão de 48 mil km.



E o quanto de poeira estava alojada. 

No final do dia, após um longo papo com o diretor comercial da loja, Julio, peguei a guerreira, lavada, mas não tão limpa e fui me preparar para o dia seguinte. 

O mecânico afirmou que o piloto automático estava funcionando e que a luz acesa no painel era devido a chave não sei de onde estar desligada. Discordei, mas fui. 

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31º dia. De Punta del Diablo a Porto Alegre. 615km. 

Eu, definitivamente, não sou um cara normal. Vim parar num local muito bonito para se passar uns três dias. Mas não para pernoitar. Às 8h estava pronto para sair, mas tive que acordar o dono da pousada, Nicholas, para preparar o desayuno. É mole? 

Enfim, não acertamos sempre...

Saímos e alguns kms à frente, nos deparamos com uma pista de pouso para emergências, devidamente sinalizada. 



Mais uns vinte minutos, chegamos ao Brasil, cuja placa, em destaque, avisa que o "Brasil começa aqui". Mas a placa menor, que eu aponto, mostra que começa errando... (Bem vindo!)

Era Chui. Ou Chuy para os Uruguaios. O marco divisório bem no meio da rua. 

Tirei as fotos necessárias e segui. Reserva do Taim a frente... E bois pastando dentro d'água. Reserva particular? Pasto particular? Não sabia. 



Ao parar para abastecer, e para desabastecer, é bom ter cuidado na hora de escolher o mictório. 

BR-116 em obras de duplicação no trecho. Creio que, pelo que vi, levará anos para ser concluída. Muita grana pública aplicada ali e muitos se elegerão com parte dela...


Chegamos em Porto Alegre cedo e fui direto tirar fotos para comprovar o cumprimento do desafio bandeirantes fazedor de chuva, que consiste visitar todas as capitais dos estados brasileiros, que pretendo fazer também. 

Depois de guardar a guerreira, fui dormir. Descansar, porque amanhã devo estar às 8h30 na Harley para revisar a guerreira. 
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30º dia. De Buenos Aires a Punta del Diablo. 532km. 

Desde quinta estou tossindo. Pouco, mas tossindo. Principalmente a noite. De ontem pra hoje, ouvi uma voz feminina e bem calma dizendo. T o s s e + d e v a g a r. Repetiu isso umas três vezes sem que eu pudesse descobrir de onde vinha. Não tossi mais a noite inteira. Sei lá... Sinistro. 

Como bom mineiro, acordei cedo para não perder o trem. Quer dizer, a balsa, que nos levará até Colônia del Sacramento, para, de lá, seguirmos de moto, com Deus, voltando de Ushuaia, para Brasília. 

As filas para checkin e migração são enormes. Parece que não dará tempo. Mas deu. Até para embarcar a guerreira, tinha fila. 

Moto embarcada num local não muito adequado para uma Electra. Mas já tinha ouvido falar que a tripulação era experiente, fiquei na minha, mas preocupado. 

Horário previsto para saída do barco: 8h45. Saída real: 9h10. Tem um belo de um free shop no barcão, que mais parece um shopping. E também muito confortável. 








Estava com 26 pesos argentinos que sobraram e queria gastá-los a qualquer custo. Fui até o bar e pedi uma garrafinha de água. 15 pesos. Como estava quente, e caríssima, deixei pra lá. 

1h10 depois, hora do desembarque. O porão lotado.

Não aconselho ninguém que esteja com uma Electra a parar a moto no local que eu parei. E que é destinado para elas. O piso é escorregadio, não tem apoio e ainda tem uns meio-fios pequenos, mas o suficiente para complicar mais ainda. Mesmo com três tripulantes ajudando, não deu outra. Chão. Eu estava certo em não querer parar ali. 

Após o desembarque, parei no posto para abastecer e fui assaltado. Calma... Mandei o frentista colocar os 26 pesos de gasolina e deu 1,2l. Na Argentina dariam, no mínimo, 2,5l.

Deixei pra lá também. A rodovia é excelente. Logo que saímos de Colônia tinha uma 'passarela':

Pista dupla até Punta Del Este. 

Quando menos espero, pensei que já estava no Brasil. 

Engano. Logo percebi o erro no belo!!

Passei um Punta, tirei umas fotos e fui. Belas estradas. Sem defeitos. Não sei qual a razão que a maioria os brasileiros saem pela Argentina, com destino a Ushuaia, se pelo Uruguai é mais perto é as rodovias melhores...




No posto onde parei para marcar o território, uma placa informava o câmbio. 

Dá pra achar o adesivo do blog?

A região é predominantemente agrícola. Assim, na estrada encontramos isso. 

E as belas estradas continuam até chegarmos no nosso destino de hoje. 

Punta del Diablo. Lugar charmoso. Vai bombar, turisticamente falando, e não demora. Para chegarmos até a pousada, uma terrinha. Quem passou pelo rípio, pareceu asfalto. 


O dono da pousada me recebeu mui gentilmente, cedeu a garagem do carro dele pra guerreira e nos deu carona até o restaurante. Até arrumou uma capa pra guerreira. 


Amanhã entro no Brasil. Após 30 dias de viagem. 

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29º dia. De Bahía Blanca a Buenos Aires. 680km.  

Acordei cedo para sair cedo para chegar cedo em Buenos Aires para reservar o buquebus para amanhã cedo. 

Mas logo comecei uma discussão séria. Quase chegando aos finalmente. O GPS insistia em me mandar para a 33, enquanto eu queria ir para a 51, ambas rutas provinciais. Já havia visto, bem antes, que pela 51 era melhor.

Claro que eu venci. Vou perder para um instrumento que não pensa?

Entretanto, foi o pior trecho de estrada até agora. Não que tivesse buracos, mas o asfalto muito irregular e um monte de insetos. 


Acreditem, tive que buzinar para um pássaro sair da minha frente. Ele voava na minha mão de direção e não me via, claro. E não saía. Quando buzinei ele levou um susto e quase caiu. Deu uma guinada rápida e eu o ultrapassei. 

Estou agora a 346km da capital. A minha velocidade tem sido de 120km/h, com média, incluindo as paradas, de 90/h, como havia planejado. 


O calor está infernal. Estou aqui em Olavarría, no posto YPF, esperando essa fila diminuir para comprar um lanche. 

Mas acho que vou ficar só na barra de cereal, por enquanto. São 12h20.

Quando sai, o GPS insistia que deveria ir para um lado que não era o que as placas indicavam. Intrigado, parei e descobri. Estava configurado para evitar vias congestionadas. Ele, aparentemente, queria que eu não enfrentasse esse trânsito. 

Mas ele estava equivocado pois logo veio a autopistas, que foi curta. Mas não tinha congestionamento. 

Por toda Argentina vi estrelas pintadas no chão. Significa que naquele local morreu alguém. Passei por várias delas durante toda viagem. Hoje fiquei intrigado com uma sequência enorme. Voltei para registrar. Eram 12 estrelas. Provavelmente acidente com Vans ou ônibus de turismo. Assim que parei a moto tinha uma placa perdida por algum automóvel, que trouxe como recordação.


Em cada estrela o nome de uma das vítimas. 

Achei bacana essa iniciativa pois nos fazem refletir. Fiquei pensando que, se essa ideia disse copiada no Brasil, haveria locais que mais se pareceriam uma constelação no asfalto. Fiquei imaginando como poderia acontecer um acidente naquele local. Sem curvas perigosas. Num local onde é permitida a ultrapassagem. Como?

No mais, nenhum problema desde a chegada à Capital Federal às 16h45. Só um calor infernal num trânsito muito grande. O trânsito parado. Muitos caminhões. Não tinha como avançar. Suava muito, a ponto de ficar todo encharcado. Realmente foram os 30 minutos mais sofridos em toda a viagem. Pior até que o vento entre Rio Gallegos e El Calafate. Sofri até chegar ao terminal e, finalmente, adquirir o ticket para amanhã, com partida às 8h45. 1.260 pesos. Um assalto. (Algo como 200 dólares). 


Para minha surpresa não consegui adquirir a passagem no moderno barco Francisco direto para a capital uruguaia. Não havia disponibilidade para transporte de automóveis para sábado. Provavelmente por falta de lugares. Assim, descerei em Colônia, que dizem ser muito parecida com Tiradentes, em vez de desembarcar em Montevidéo, como previsto inicialmente. Mas aceitei com tranquilidade. Até porque o barco sairá 1h15 mais tarde e estou deveras cansado. 

Antes de dormir, dei umas voltas pelo centro, próximo do hotel. A cidade é uma loucura, comparada com Brasília. Multidões circulam. Dezenas de teatros, praticamente um ao lado do outro. Voltaremos para conhecê-la melhor. Só deu tempo de jantar. 


Amanhã, sábado, punta Del inferno. 

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28º dia. De Puerto Madryn a Bahía Blanca. 705km. 

Dormi bem essa noite. Mas acordei com sintomas de que irei gripar. O corpo sente os km rodados nesses 28 dias. 

Saímos do hotel às 9h50. A estrada, com pavimento muito bom, é praticamente uma reta só. Boa de rodar. Sem trânsito. Deserta. Muito boa e ainda estão fazendo obras de melhoria em alguns trechos. O sujeito que controla o trânsito se apaixonou pela guerreira. Tirou fotos, filmou, etc. Dei um adesivo do blog pra ele, que quase chorou de emoção. Disse que ia colocar a foto dele no blog. 

Paramos 160km após para abastecer, fila. Repito: não por falta de combustível. Mas porque colocam apenas um frentista para atender duas, às vezes quatro bombas. O país está em crise. 

Enquanto aguardamos a vez, dois caminhoneiros se aproximam. Fazem um monte de perguntas sobre a guerreira, que respondo com todo prazer, claro. Eles vão a Ushuaia toda semana. E eu, achando que fiz muito. O caminhão deles é show. Acho que vou comprar um igual. 


Depois, mais retas. O que permite desenvolver velocidade superior a 120km/h com total segurança. Saímos da ruta 3 e pegamos a 251 e depois a 22. Por unanimidade, para todos que perguntamos, disseram que era melhor do que passar por Viedna.



O termômetro marca 110º F. 45º C. Três dias atrás marcava 30º F. Pior que esqueci de tirar o forro da calça. Ovos fritos...

De repente levei um susto. Um boi enorme vinha voando em direção à rodovia. 

Não estou na Route 66, mas atravessei o Rio Colorado novamente. 


Desconfiava que o odómetro parcial A estava com defeito. E está. Marcando pouco mais de 1.660km até hoje. Já tinha estranhado estar marcando 9.152km na saída de Ushuaia, lembram?

Amanhã vou acompanhar e descobrir o problema. 

Chegamos no destino de hoje às 17h45. 8h de viagem. Média de 90km/h. http://goo.gl/JzJ7hG

Amanhã, Buenos Aires. Tentei reservar o buquebus para Montevideo para sábado, na internet, e não consegui. Amanhã vou direto para o terminal para comprar o bilhete. Espero que consiga, pois já reservei hotel para os próximos três dias, quando estarei em nosso país de corruptos. 

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27º dia. Puerto Madryn. 

O dia de hoje foi programado para visitar a Península Valdés. A intenção era ver baleias, pinguins, golfinhos, etc. 

Mas, pela 1ª vez na viagem, alterei o planejado. Resolvi descansar e colocar algumas pendências em dia. Como atualizar o blog, publicando como foram os dois dias em Ushuaia, por exemplo. 

Uma chateação passageira com problemas para acessar o gerenciador financeiro do Banco do Brasil. Não consegui, mas minha linda filha e gerente resolveu, com eficiência a pendência. 

No mais, fiquei morgando no hotel. Até agora, 18h40, horário que vou dar umas voltas pela cidade. Depois eu conto como foi. 

Não fui. Fiquei no hotel mesmo. Descansando. Achei mais prudente. 

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26º dia. Caleta Olívia=>Puerto Madryn. 540km. 

Essa noite até que dormi bem. Mas acordei muito cansado, às 6h. Fiquei na cama até umas 8h, e saí às 9h45. 

Na saída da cidade o visual é, para variar, muito bonito. O mar à direita não deixa dúvida nenhuma.


Logo vem um trecho de montanhas, com boas curvas. 

Depois, retas, ventos, diria frescos, mas, em comparação com os que peguei de Rio Gallegos a El Calafates, frouxos. Pela linha do horizonte dá pra ver o quanto é grande a força de reação ao vento que temos de fazer, que faz a moto inclinar para superar a ação da força do vento. E olha que esse vento estava fraco. 

Mas o pior inimigo tem sido o sono. Parei após 267km, na estación Aca Garayalde, e, pela primeira vez em toda viagem, me permiti tomar um energético. 


E, claro, deixei o adesivo desse blog. Coisa de motociclistas. Ao lado do adesivo do Edson, que conheci na ida. 

Prossegui, com mais retas e menos vento. Parei no marco 1.500 da ruta 3 para descansar e tirar umas fotos. É a distância que estou de Buenos Aires.

O trecho entre Trelew e Puerto Madryn está todo duplicado. Uma maravilha. 


Chegamos às 15h30 em Puerto Madryn, que é uma daquelas cidades que você se apaixona à primeira vista. Aliás, as vistas da janela do hotel comprovam isso. 


Havia previsto fazer um passeio até a península Valdez para ver umas baleias, pinguins, etc. Mas não quero ver bicho nenhum não. Não tem a menor graça. Vou é descansar, porque tenho muita estrada pela frente e o cansaço está tomando conta de mim. 

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25º dia. Rio Gallegos=>Caleta Olivia. 726km.

Depois da pior noite da viagem, saímos às 8h20. O site decolar.com classificava o hotel que fiquei como ótimo. Mas foi o pior de toda a jornada. Um barulho infernal, não sei de onde vinha não deixava eu dormir. Quando consegui, acordei porque estava claro. No local o sol nasce às 4h e o quarto não tem cortina black out. Enfim, eram 4h, pensei que era 6 e praticamente não dormi mais. 

Paramos em Luis Pedra Buena duas horas e 245km após a saída. Abasteci, tomei café, marquei o território com o adesivo desse blog, e me mandei. 

Estrada fantástica. Tempo maravilhoso. 

Depois de 115km e de muito sono, parei novamente no posto Alamo, próximo a San Julian, onde tem uma excelente internet e melhor ainda, uma empanada de humita que fazem na hora, que é uma delícia! que comi das! 

Pouco mais de uma hora parei novamente. Para abastecer e descansar. Interessante registrar que a rodovia é excelente. Muitas retas. Mas exige que fiquemos atentos o tempo todo. Guanacos ficam à margem da rodovia o tempo todo. Raramente ficam nela. Mas acontece. 

Já na chegada a estrada tem, ao lado, a companhia do oceano atlântico. Todo cansaço vai embora...

Chegamos em Caleta Olivia às 16:30 e fomos direto para o melhor hotel da cidade... Que não teve condições de reservar pelos aplicativos. A cama e o estacionamento são bons. O restaurante muito bom. Já o wifi, uma porcaria. Mas deu pra reservar o hotel da próxima cidade, Puerto Madryn.

Muito cansado, fui dormir às 10h20. Acordei às 5, com o sol já brilhando.

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24º dia. Ushuaia=>Rio Gallegos. 615km.

Após rodar 9.152 km para chegar até Ushuaia, é hora de voltar para casa. Achei estranho essa quilometragem... Serão 14 dias de viagem. 

Saímos de Ushuaia às 9h45. 45min após o horário previsto porque sumiu uma mão (?) da minha luva. Desarrumei as duas malas e nada. Tinha certeza absoluta que tinha colocado a danada junto às roupas que iria vestir. Já desistindo, resolvi procurá-la na calça que já havia vestido. A luva estava entre a calça e minha canela!

O atraso tinha um propósito. Na saída de Ushuaia encontrei meus amigos de São Paulo. Voltamos, até a balsa, juntos!

Paramos para tirarmos fotos no mirante do Paso Garibaldi. Lugar fantástico. 


Por toda Argentina tem cartazes pedindo ajuda para encontrar a Sofia. Fica aqui minha colaboração. 

Abastecemos em Rio Grande e seguimos até o Paso Internacional San Sebastian, onde abastecemos novamente. Olha só a barba desse maluco. Deve ter uns meses na estrada. 


E fomos para o rípio. 

O melhor do início do retorno é que o vento, do nada, desapareceu. Ventos de 110km/h, que, segundo moradores locais, eram totalmente atípicos. O normal é por volta de 50km/h. 

Quase nada a acrescentar. O rípio, em território argentino é lastimável. Já no Chile, deu para fazê-lo a 80km/h. Na volta, alguns trechos estavam muito ruim. Estavam passando uma patrola para regularizá-lo, coisa que fazem constantemente. Por isso fica uma terra fofa e a guerreira dançava pra lá e pra cá, mas chegamos bem. 

Duas dicas importantes sobre o rípio para você que pensa em vir até Ushuaia: na ida, passe, OBRIGATORIAMENTE, por Cerro Sombrero. Economizará, no mínimo, 20km de tráfego no cascalho. Na volta, saindo da aduana chilena, NÃO entre na próxima à direita, por mais que o GPS mande você por ali. Se, mesmo assim, entrar, muito cuidado ao manobrar a moto, principalmente se for uma Electra. O rípio escorrega muito e a moto pode tombar!

E no rípio, meus amigos, a técnica de levantar a moto sozinho não funciona. Não tem apoio suficiente. O jeito foi esperar alguém vir da aduana. Um ônibus de turismo parou e dois turistas me ajudaram. 

Lá se vão meus novos amigos em suas big trails:

Abastecemos em Cerro Sombrero, onde o frentista é um figuraço. Gozador. Disse, brincando, que o preço da nafta, é 4 dólares... Na verdade não passa de 2! Quem sabe cola né? Brasileiro é otário...

Chegamos no estreito de Magalhães e a balsa estava na outra margem. O que deu tempo para tirarmos umas fotos, coisa que na ida não fora possível. 



Ela chegou, embarcamos, e fomos. Dessa vez sem balanço. 


Após a travessia, durante a qual despedimos dos paulistas, que foram em direção a Puerto Natales, uma chuvinha fraca nos acompanhou até Rio Gallegos. Só para tirar a poeira deixada na roupa pelo rípio. 

Chegamos, jantei e fui dormir. 

2 comentários:

  1. Boa tarde. Torço para que tudo esteja correndo bem no seu retorno, como na ida.
    Me explique seu trajeto, após San Sebastian, fronteira do Chile. Você recomenda não tomar a direita (ruta 257) e sim seguir pela ruta Y-79 até Serro Sombrero. Confirma isso?
    Obrigado

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  2. Olha, Sérgio. Eu peguei a esquerda, por onde tinha ido. Achei o rípio trafegável. Na ida foi melhor. Na volta estavam passando um trator, o que deixou muito fofo o pavimento. Não sei lhe dizer se pela outra estava melhor ou não. Um argentino disse que fomos pelo caminho melhor.

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