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terça-feira, 22 de setembro de 2015

Sinalização com os braços segundo o CONTRAN

Recentemente publiquei um texto sobre sinalização com os braços feitas por motociclistas em comboios (veja aqui) que gerou muita controvérsia. Houve até quem sugerisse consultar o DENATRAN sobre o assunto. Foi o que fiz.


A controvérsia surgiu sobre se tirar uma das mãos do guidom para sinalizar buracos, quebra-molas, óleo, buracos ou areia na pista, para indicar aumento da velocidade, alterar de fila única para dupla, etc., constitui infração de trânsito. Muitos utilizam esses sinais sem saber sequer quem os inventou. Simplesmente vão repetindo, sem questionamentos. Enfim...

A consulta foi feita e o DENATRAN respondeu, esclarecendo que só é permitido tirar a mão do guidom em apenas três situações: Dobrar à esquerda, dobrar à direita e diminuir a marcha ou parar. Em qualquer outra situação configura-se infração prevista no art. 244, VII do CTB. E foi além, esclarecendo que sinalizar com os pés também não pode, sob pena de estar cometendo a infração do art. 169 do CTB. 

Em síntese, eis a decisão do CONTRAN:

Os gestos regulamentados no Anexo II, item 6, letra "b" do Código de Trânsito Brasileiro são as únicas exceções à infração prevista no inciso VII do art. 244, constituindo infração grave utilizar as mãos para sinalizar qualquer evento a não ser as manobras de: Dobrar à esquerda, Dobrar à direita e Diminuir a marcha (sic). Temos também que a condução da motocicleta sem um dos pés devidamente apoiado, sinalizando eventos, compromete a segurança de sua própria condução, pois em determinados momentos não terá acesso aos pedais de marcha ou de freio. Tal conduta pode ser tipificada na infração prevista no art. 169 do CTB. (art. 169: Dirigir sem atenção ou sem os cuidados indispensáveis à segurança. Infração - leve; Penalidade - multa).

É óbvio que, enquanto indivíduos, podemos escolher se vamos ou não cumprir uma lei, arcando com as consequências, claro. Estacionar irregularmente, ultrapassar em faixa contínua, mudar de faixa sem sinalizar, trafegar em velocidade superior a da via, usar equipamento proibido, tomar uma cervejinha antes de sair do passeio, etc., quem nunca? Mas andar sem capacete, poucos se aventuram, certo? Por quê? Porque escolhemos as leis que vamos descumprir. Simples assim.

Contudo, os organizadores de passeios motociclísticos e, principalmente, os agentes de trânsito ou qualquer outro membro das forças de segurança, além de instrutores de cursos, não podem incentivar outros motociclistas, na maioria iniciantes, a descumprirem a legislação. Em tese, pode se configurar como apologia ao cometimento de infração de trânsito, o que é inaceitável. Principalmente, se o descumprimento da lei trará riscos aos próprios motociclistas e demais usuários das vias públicas. Poderão até serem responsabilizadas em caso de acidentes, por esse motivo.

Muitos acham 'bonito' e glamuroso ficar sinalizando tudo com os braços. Tem até coreografia, tipo girar o antebraço em torno do cotovelo para indicar mudança de direção, coisa que as setas da moto já fazem satisfatoriamente. E ainda tem os que dizem que esse tipo de sinalização, tirando uma das mãos do guidom, traz mais segurança para todos. Ledo engano. 

Os que não concordam com as leis que procurem seus representantes no Congresso Nacional e solicitem alteração. Enquanto isso não ocorre, só nos resta cumprir. Questão de cidadania.

Aos que pensam que sabem tudo, sugiro rever seus conhecimentos. Que estudem um pouco mais o Código de Trânsito, em vez de ficar transmitindo conhecimentos equivocados, e ilegais, a motociclistas inexperientes.

Finalmente, seguindo sugestão de um leitor, enviarei cópia dessa Nota Técnica à direção da PRF, do DETRAN, à PM, ao Exército e demais órgãos de segurança, para que seus membros cumpram e façam cumprir a legislação.






segunda-feira, 7 de abril de 2014

Carro de apoio ou de proteção?

Se a vida nos oferecer um limão, devemos aproveitar, sempre que possível, e fazer uma limonada...

No sábado, 5 de abril, o HOG de Brasília promoveu um bate-volta até Formosa para um almoço no restaurante Dom Fernando. Convite aberto a todos os motociclistas.

Participaram aproximadamente 30 motociclistas, dos quais uns dez foram apenas até Formosa. Não ficaram para o almoço. Entre eles, eu, e mais dois amigos, que havíamos combinado de voltarmos juntos.

Na saída da loja HD, nós três ficamos atrás do comboio. A uma distância aproximada de uns 30m do ferrolho, que é a que acho mais segura. 

Após a ponte do Bragueto, o carro de apoio, uma caminhonete Hilux, caracterizada com logo da Brasília Harley-Davidson, equipada com reboque, nos deu uma fechada, se colocando entre o ferrolho e nós. Em princípio, pensei que o motorista estava sendo pressionado por algum outro veiculo e, dessa forma, foi 'obrigado' a tal manobra. Mais à frente, quando o trânsito parou, nos colocamos novamente entre o ferrolho e a caminhonete. 

Logo em seguida, na saída da via sobre o viaduto do Colorado, o motorista da caminhonete, que estava na faixa da direita, tentou, forçosamente, me ultrapassar, em razão dos tachões que haviam logo à frente, na faixa em que ele trafegava. Não tinha como lhe dar passagem, sem correr o risco de ser atingido pelos veículos que vinham atrás de mim. Percebi, nesse momento que a intenção dele era não permitir que ficássemos atrás do ferrolho. Até aquele instante não sabia o porquê.

Como a via é pública e o comboio de motos estava trafegando na faixa da esquerda, o que pode até ser mais seguro para o comboio, desde que trafegue na velocidade máxima da via, e sem atrapalhar, em demasia, os carros que vem atrás, resolvi verificar se a intenção do motorista da caminhonete era a que suspeitava. 

Fiquei atento e esperei por ele, que vinha na faixa da direita, em aparente alta velocidade (estávamos a 105km/h). Fiquei preparado e não deu outra. Ele jogou a caminhonete sobre mim, numa atitude irresponsável. Sempre ando com minha máquina fotográfica a postos e registrei o momento, já esperado.

Nota-se que, antes mesmo de ter todo seu veiculo à minha frente, e tinha espaço pra isso (veja a foto), já iniciou o procedimento de fechada. Nesse instante freei, pois, caso contrário, o reboque teria me atingido. O correto seria ele ter todo seu veiculo após o meu, dar seta, e só depois adentrar na faixa que eu estava. Aí não seria fechada, mas sim ultrapassagem. 

Aqui, observa-se que, se não reduzo a velocidade, seria atingido lateralmente pelo reboque. Pela distância da traseira do reboque à parte superior da bolha da minha moto, nota-se o quanto passou perto de mim. Se não tivesse freado, o reboque teria me atingido. 


Graças a Deus tenho razoável experiência, previ o que poderia acontecer e soube evitar o pior. Fosse um motociclista sem essa característica e previsão,  sabe-se lá o que poderia ter acontecido. 

Depois ultrapassei novamente a caminhonete e permaneci atrás do ferrolho até chegar à pamonharia, sem quaisquer outros incidentes. 




No domingo, consultei algumas pessoas, e um deles, que estava na caminhonete, afirmou que não sabia o que tinha acontecido nem muito menos que era eu naquela moto... Ok. É possível.

Outros integrantes do HOG, inicialmente, negaram ter conhecimento do fato. No entanto, soube que o assunto foi muito comentado no almoço, inclusive com uma versão falsa, o que, em parte, me motivou a tornar público o que aconteceu. Até porque quem poderia ter visto o que aconteceu se limitam a três pessoas, além de mim e os dois amigos a que me referi. Os acompanhantes da caminhonete, em número de dois, e o ferrolho, este, pelo retrovisor, não teria uma visão correta do ocorrido.

No final do dia, domingo, o Magno, Diretor do HOG me ligou. Relatei o que tinha ocorrido e ele se comprometeu a levar ao conhecimento do João Batista, diretor da HD.

Segundo ele, o motorista foi previamente orientado para ficar atrás do ferrolho. Como proteção ao mesmo. 

Aí, em minha opinião, foi o início do problema e que retira a culpa exclusiva do condutor da caminhonete. O carro é de apoio. Não de proteção. O próprio nome já define sua função. Apoiar o comboio. Seja numa situação de pane ou que exija rebocar a moto. O comboio é de motos...

Proteção do comboio cabe ao ferrolho. Que, obrigatoriamente, deve ser um motociclista experiente. Que saiba se comunicar com os demais usuários da via. Que saiba administrar os conflitos causados pelos motoristas que vem atrás, pressionando para ultrapassar o comboio. Deve pedir calma e cumprimentar todos os demais usuários, se desculpando, sempre com gestos, pelo eventual transtorno. Para sua segurança, deve manter uma distância maior entre o motociclista que vai à frente, de forma a ter um espaço para se afastar dos motoristas apressados que ficam lhe pressionando.

Não sou nenhum especialista, muito pelo contrário, "sei que nada sei", mas gosto de dar uns pitacos de vez em quando. O motorista deve ser orientado para permanecer ATRÁS do comboio. SE POSSÍVEL, atrás do ferrolho. Que deve respeitar a legislação de trânsito. E, nunca jogar a caminhonete sobre qualquer outro usuário da via, principalmente se for motociclista. Deve ter conhecimento de que ele ficará, em alguns momentos, distante do comboio. Que, nesse caso, deve ter paciência e se aproximar do comboio com segurança. É importante que ele saiba todo o roteiro.

Mas, ao que parece, e o próprio diretor do HOG admitiu, o motorista não recebeu treinamento adequado para conduzir carro de apoio, em comboios, nem muito menos com reboque. Desta constatação, fica claro que a responsabilidade foi de todos: Diretores do HOG, da direção da loja e do motorista, que no caso, é o lado mais fraco da corda!

Concluindo, nós e os responsáveis pelos comboios temos que entender que não somos os donos da rodovia. Estamos ali curtindo a vida, nos divertindo, passeando. Temos que ter consciência que atrás de nós tem motoristas nas mais diversas situações. Apressados por algum motivo. Que não gostam de motos. Que acham um absurdo um monte de moto 'atrapalhando' o trânsito, etc. Não é porque estamos em comboio que temos prioridade de trânsito sobre os demais. 

E que os responsáveis aproveitem esse limão e façam dele uma limonada. Entendam que carro de apoio não é carro de proteção. E que o motorista deve receber treinamento e ser devidamente orientado.

O carro de apoio NÃO faz parte do comboio!

Críticas são sempre bem-vindas.